Casos clínicos

Aqui vamos deixar relatos de casos clínicos semelhantes aos que Drª Danielle for atendendo no decorrer de cada semana.
Procuraremos relatar os casos de maneira mais sucinta, descrevendo os principais sintomas que o animal pode ter frente a patologia, com imagens ou fotos para que os visitantes possam entender desde o diagnóstico e evolução no tratamento.
Serão omitidos os dados do animal e a prescrição médica evitando assim constrangimentos e o provável uso inadequado de alguma medicação.

CASO CLÍNICO 3:   PIOMETRA  -  “A estória de Nina”


NINA

A piometra é uma afecção muito comum na clínica e cirúrgica veterinária de animais de companhia.  Caracteriza-se pelo acúmulo de conteúdo mucopurulento ou sanguinolento no interior do útero e ocorre logo após o estro ou até quatro meses seguintes.
O quadro clínico necessita de cuidados intensivos e terapia agressiva, pois muitas vezes evolui para choque séptico, falência orgânica e óbito.
Os sinais clínicos comumente observados incluem apatia, perda de peso, poliúria (aumento na freqüência urinária), polidipsia (aumento da ingestão de água), vômitos, abdome distendido e, no caso de a cérvix uterina apresentar-se aberta, secreção vaginal.
Dia 10/08/2011, uma cadelinha de nome Nina, 8 anos, chega à clínica para avaliação onde a queixa se referia a um provável aborto.
Houve histórico de cruza há 40 dias e até então a cadelinha se mostrava ativa, esperta e sem sinais de infecção.(cio iniciou-se no dia 20/06 e cobertura no dia 01/07)
Ao exame notou-se redução significativa da distenção abdominal, sangramento vaginal compatível com processo de parto recente, sem contrações uterinas, não apresentou febre e se mostrou clinicamente estável.
Os proprietários não notaram a presença de fetos no ambiente, relataram apenas a presença de diarréia e vômitos escurecidos, subentendendo-se que a cadelinha houvesse ingerido os filhotes prematuros.
Optou-se por uma ultrassonografia abdominal onde o laudo do exame não apontou presença de filhotes retidos, confirmou a distenção uterina e a presença de líquidos e sangue (tecidos compatíveis com restos gestacionais).
Foi feita aplicação de penincilina como cobertura bacteriana e methergin para promover a expulsão de restos uterinos auxiliando na limpeza do mesmo. Observação e atenção nos dias subseqüentes para alterações relacionadas ao apetite, apatia, prostração, tristeza, etc.
Dia 05/10(dois meses após o histórico de aborto) os proprietários retornam à clínica para banho o banho e tosa, reclamando que a cadelinha entrara novamente no cio. Ao exame se mostrou febril e abatida.
Rapidamente foi coletado material para análise hematológica e renal que infelizmente não foi muito conclusiva, revelando apenas trombocitopenia (queda das plaquetas sanguíneas).
Iniciou-se tratamento com antihemorrágicos e terapia para Erlichiose. A redução no número de plaquetas explicaria as tendências hemorrágicas e o aborto no mês de agosto.
No final de semana seguinte (08 e 09/10) Nina apresentou sinais de abatimento e prostração, necessitou de internamento, sofreu quadros de sincope respiratória onde precisou ser reanimada com massagens e estímulos cardiorespiratórios.
Optou-se pela repetição dos exames de sangue através de nova coleta onde a análise hematológica revelou leucocitose extremamente alta e severa e a bioquímica do sangue apresentou uréia e creatinina elevadas, sugerindo compromentimento  da função renal.
Os proprietários foram esclarecidos e notificados da gravidade do quadro e que, mesmos frente aos riscos cirúrgicos em potencial presentes, a única chance de vida seria expô-la ao procedimento cirúrgico para a retirada da piometra tardiamente confirmada.
Após autorização do procedimento cirúrgico procedeu-se à cirurgia onde Nina se manteve estável, sem alterações cardiorespiratórias, suportando notavelmente a anestesia geral.
Infelizmente 3 horas após a cirurgia Nina entrou em quadro sepcêmico vindo a óbito durante uma sequência de epsódios convulsivos.
A cadelinha Nina suportou até o último instante que seu pequeno corpo pôde agüentar. Faleceu como uma guerreira e lutou muito para se manter viva enquanto seu organismo tentava reagir e vencer tamanha infecção.
Infelizmente é muito importante o diagnóstico o mais rapidamente possível, para que não se instale o quadro sepcêmico comum na piometra..
A PIOMETRA é uma doença grave que afeta cadelinhas em fase reprodutiva, inicia-se sempre alguns dias ou meses após o cio, com ou sem histórico de cruza.
As fêmeas afetadas podem ser novas ou de idade avançada desde que ainda apresentem ciclos estrais.
Pode ser confundida inicialmente com uma gestação principalmente porque os sinais clínicos das fêmeas permanecem inalterados a princípio e a distenção abdominal inicial se mostra compatível com uma prenhês.
Na maioria das vezes consegue-se uma confirmação da infecção através do hemograma mas,  por vezes as alterações clínicas e sanguíneas se mostram visíveis apenas na fase aguda da doença.
Diante da toxemia bacteriana que a doença provoca, uma grande porcentagem de cadelinhas não resiste ao quadro infeccioso que culmina em morte por insuficiência renal e choque sepcêmico (sepcemia ou infecção generalizada).

Nina e seu cochilo no sofá






Útero de Nina retirado em cirurgia: observar conteúdo purulento
 puncionado pela seringa




      




















                                                 
Drª Danielle Dourado Maia
      CRMV-MG 5508                                  
                                                        




                                    


















CASO CLÍNICO 2:
Inflamação e/ou infeccção da Glândula perianal dos cães



Na região anal, existem duas bolsas que abrigam um par de glândulas, denominadas glândulas perianais. Essas glândulas produzem uma secreção que possui odor desagradável para os humanos, mas é através desse cheiro que os animais se identificam, por isso o motivo de um cheirar a região anal do outro.
A drenagem desse líquido é natural e ocorre durante a passagem das fezes. No entanto, essas glândulas podem inflamar, levando o animal a um enorme desconforto para defecar.
As causas da inflamação são várias: obstrução do orifício de passagem da secreção, excesso de secreção, drenagem insuficiente, etc.. A região anal fica muito inchada e dolorida à palpação.
O animal sente-se incomodado e, por esse motivo, esfrega o ânus no chão, lambe ou tenta morder a região. O processo pode evoluir para uma infecção e formação de fístulas (aberturas na pele por onde o líquido - pus, secreção e sangue - irão sair).
Todos os cães são susceptíveis a inflamação das glândulas paranais e podem sofrer com este incômodo, nem sempre percebido pelo proprietário. Os sinais clínicos observados em casos de inflamação dessas glândulas são: o animal fica incomodado, arrasta a região anal no chão, fica mordendo, coçando a região anal ou a perna. Se seu animal apresentar alguns desses sinais deve-se consultar um médico veterinário para a realização dos procedimentos necessários.
 O tratamento consiste em retirar todo o líquido acumulado, fazer uma lavagem e desinfecção dos sacos anais e administrar medicamentos adequados.
 O processo pode voltar e para evitar a recidiva, devemos proceder à drenagem dessas glândulas periodicamente. A drenagem deve ser feita pelo veterinário, quinzenalmente, ou durante os banhos, desde que o profissional ou mesmo o dono do animal esteja treinado para realizar o procedimento.
Existem animais que apresentam a doença de forma crônica o que compromete sua qualidade de vida. Nesses casos, o tratamento cirúrgico com a remoção das duas glândulas pode ser indicado.


É mais comum em cães, raro nos felinos
Pode acontecer no animal quando filhote!















Caso clínico 1:
A síndrome do cão nadador é uma anormalidade de desenvolvimento de filhotes, caracterizada por dificuldade deambulatória.Os animais apresentam malformação nas articulações femoro-tibio-patelar e tíbiotarsica, além do esterno achatado e possivelmente presença de sopro cardíaco inocente. Com o diagnóstico precoce  pode ser feito o tratamento clinico com bandagens, fisioterapia 2 a 4 vezes ao dia, uso de pisos favoráveis e em casos extremos procedimentos cirúrgicos, obtendo-se a remissão das lesões em membros pélvicos, reversão na conformação do esterno e sopro cardíaco.
Vejam o vídeo para entenderem um pouco!