Catarata em cães


 Catarata Canina


A catarata é uma doença ocular que afeta muitos cães e que pode levar à cegueira do animal. Sem cura, a única solução é a cirurgia. Nos casos de sucesso, a visão dos cães melhora significativamente.

A catarata afecta a visão dos cães, instalando-se como um véu opaco no cristalino ou lente do olho e impedindo assim a passagem de luz. Sem luz ou captação de imagens, o cão não vê. Mas, os cães são animais extremamente adaptáveis e muitas vezes conseguem ultrapassar uma visão reduzida apoiando-se nos outros sentido e no estabelecimento de rotinas.

Nos casos menos graves, a catarata é parcial, não afectando significativamente a visão. Nos casos mais preocupantes, a catarata cobre toda a lente, levando à cegueira. Os cães desenvolvem, na maioria dos casos, cataratas nos dois olhos, mas a catarata pode desenvolver-se unilateral. Apesar de ser facilmente identificável pela cor acizentada que dá ao olho, a catarata é muitas vezes confundida com outras doenças que também alteram a cor do cristalino. A verdade é que ao contrário do que seria esperar, a catarata é mais comuns nos cães juvenis.

Cataras X esclerose nuclear

Tal como os humanos, os cães também desenvolvem cataratas com a idade, sobretudo a partir dos 6 anos. Contudo, na maioria dos casos, os cães idosos desenvolvem esclerose nuclear que é frequentemente confundida com cataratas.

A esclerose nuclear também causa uma alteração de cor, dando ao olho um tom azulado. Isto é causado pelo endurecimento da lente devido à compressão das fibras mais velhas no olho. Contudo, a esclerose nuclear é um processo normal que resulta do envelhecimento do animal e não afecta a visão, pois não é opaca como a catarata, deixando assim passar a luz. Geralmente ocorre nos animais idosos, a partir dos 8 anos.

Cataratas e causas

O desenvolvimento das cataratas pode ser rápido, instalando-se em algumas semanas, ou mais lento, formando-se durante anos. Na maioria dos casos, as cataratas são hereditárias, daí a importância de conhecer o históricol médico dos progenitores do animal. Contudo, as cataratas podem ser provocadas por outras doenças, tais como a diabetes. Inflamações, traumas ou exposição a toxinas pode também levar ao aparecimento deste véu.

Todas essas situações vão, na maioria dos casos, desidratar a lente, ou seja alterar o equilíbrio entre a percentagem de água e de proteína que a compõem. A zona opaca que se forma é o resultado da acumulação na lente de proteínas insolúveis.

A catarata afecta os cães de todas as raças, mas parece ser mais comuns em algumas em particular (ver lista no final do artigo). Dependendo da idade do cão, a catarata pode ser classificada como:

* Congénita – Presente desde o nascimento, não significa que seja hereditária pois podem resultar de infecções intrauterinas e transpalcentárias. Manifesta-se geralmente nos dois olhos.
* Juvenil – Surge em animais até dois anos de idade. A forma mais comum de cataratas nos cães.
* Adulta – Ocorre em animais entre os dois e os seis anos
* Senil – Manifesta-se a partir dos seis anos. Apesar de ser comum entre os cães, é muito menos frequente nestes animais do que nos humanos.

Cirurgia

A partir do momento em que a opacidade da catarata se instala, não é possível tornar o cristalino transparente novamente. A única solução é a cirurgia, o que implica a remoção da lente que pode ou não ser substituída por outra. A principal função da lente é focar, cerca de um terço da focagem das imagens é feita na lente. Um cirurgia bem sucedida não devolve uma visão a 100% aos cães, mas nos casos bem sucedidos, a melhoria da visão é muito significativa. Nos casos onde a lente não é substituída, que ainda constituem a maioria, os donos são também capazes de notar que a visão do cão melhora consideravelmente, sendo a principal diferença, a dificuldade na focagem de objectos próximos.

Apesar destas cirurgias serem praticadas há séculos, permanecem ainda bastante delicadas. Existem diferentes técnicas usadas para a remoção da lente.

1. Liquefacção da catarata através da técnica de facoemulsificação. Depois, a catarata é drenada por uma pequena incisão.
2. Remoção da lente e cápsula circundante
3. Remoção da lente, deixando a cápsula circundante


Apesar da cirurgia ser única solução, nem todos os cães são bons candidatos. Para que a intervenção tenha sucesso é necessário que o cão esteja saudável e tenha o olho, (excetuando a lente), em bom estado, ou seja, sem inflamações. Para verificar se estes requisitos são cumpridos, pode ser necessário fazer testes ao animal. Análises de sangue, exame ao estado físico geral, análise do risco da anestesia são geralmente feitos pelo veterinário.Uma gonioscopia para verificar a possibilidade de desenvolvimento de glaucoma deve ser realizado. Por vezes a gonioscopia é realizada no próprio dia da cirurgia.

Nos casos em que o animal não pode ser operado, gotas e tratamento de possíveis inflamações podem ser administrados de acordo com o diagnóstico do veterinário. Contudo, a catarata permanece.



O papel e expectativas do dono

As operações envolvem sempre riscos e esta não é excepção. Contudo, os donos podem-se manter optimistas já que a taxa de sucesso deste tipo de cirurgia ronda os 90/95%. Nos restantes casos, podem surgir complicações que façam com que a visão do cão não melhore ou que levem à cegueira.

Geralmente é o pós-operatório o que muitas vezes determina o sucesso da cirurgia. Os cães têm tendência a fazer mais inflamações pós-cirúrgicas do que os humanos. As principais preocupações são o desenvolvimento de glaucomas, a cicatrização dos tecidos (que limita a visão), o deslocamento da retina e inflamações internas.

Os cuidados pós-operatórios são por isso muito importantes. Siga as indicações do veterinário que provavelmente recomenda a administração de medicamentos orais e gotas para os olhos. As gotas podem ter de ser aplicadas durante vários meses. Os cães geralmente têm de usar colares isabelinos para impedir que cheguem aos olhos com as patas.

No caso de cirurgias bem sucedidas, o dono pode esperar melhorias logo na primeira semana. Contudo é também normal que só na segunda e terceira semana se comece a notar algo significativo. A maioria dos cães não exibe dor depois da cirurgia.